ATA DA TRVIGÉSIMA QUNONA ANTA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO
SOLENE DA SPRIMEIRAEGUNTERCEIRDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA,
EM 0606.0911.19901.19-10-1989.
Aos seisseis dezenove dias do mês de nsetembroovembrooutubro
de mil novecentos e n oitenta e
noveoventa e um, reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua QuadragésimaVTrigésima QuantNona Sexta Sessão Ordinária Solene da Décimada SegundaTerceira Sessão Legislativura Ordinária da Décima Legislatura, destinada a
homenagear a Escola Municipal de 1º Grau José
Loureiro da Silva, pelo transcurso do seu trigésimo quinto
aniversário. destinada a concessão do Título
Honorífico de Cidadão Emérito ao engenheiro
Fúlvio Celso Petracco, concedido através do Projeto de Resolução n 35/85 (Proc.
Nº 2604/89). Às dezesseiste
horas e vintdeez trinta e quatro minutos, constatada a existência de
“quorum” o Senhorr.
Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de
Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes.
Compuseram a Mesa: Vereadores Antonio Hohlfeldt, Omar Ferri, Leão de
Medeiros, Wilson Santos e Clóvis Ilgenfritz, respectivamente, Presidente, 1º
Vice-Presidente, 1º, 2º 3 3º Secretários da Câmara Municipal
de Porto Alegre; Doutor Francisco Luzardo, Procurador Geral da Justiça;
Professor Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Deputado Estadual
Valdir Fraga, representando a Assembléia
Legislativa do Estado; Doutor Antonio Carlos Maciel, Comandante Geral da
Brigada Militar; Senhor André Forster, Presidente do PMDB; Senhor Antonio
Catani, Presidente da Câmara de Vereadores de Guaíba; Senhor Sérgio da
Costa Franco, Palestrante, e sua Esposa, Senhora Inês da Costa Franco. Ainda,
registrou a presença, no Plenário, dos Deputados Estaduais Mendes Ribeiro Filho
e Jarbas Lima, dos ex-Vereadores Frederico Barbosa e Gladis Mantelli, da Senhora
Eva Sopher, Diretora da Fundação do Teatro São Pedro, Jornalista Firmino Fabrício,
representando a Associação Rio-Grandense de Imprensa, do Diretor Guilherme
Barbosa, Diretor do DMAE, Doutor Newton Burmeister, Secretário
Municipal de Obras e Viação, Senhor João Machado, representando a Secretaria
Extraordinária de Comunicações, do Doutor Nelson da Costa e Silva, de representante
da Procuradoria do Estado, de alunos da Escola de 1º e 2º Graus César Mesquita.
Em continuidade,
o Senhor Presidente discorreu acerca das atividades realizadas na Casa durante
o transcorrer desta semana, visando assinalar o transcurso dos duzentos e
dezoito anos deste Legislativo, e concedeu a palavra ao Professor Sérgio da
Costa Franco que proferiu palestra sobre o tema “Panorâmica
da História Institucional da Câmara Municipal de Porto Alegre”. Após, o Senhor
Presidente agradeceu ao Palestrante e solicitou ao Vereador Omar Ferri que
assumisse a direção dos trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o
Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome das Bancadas da Casa, discorreu sobre o
significado do Legislativo Municipal, como representante da população, tecendo
comentários acerca das iniciativas tomadas pela Câmara Municipal de Porto
Alegre que marcaram a história do País. Falou sobre as obras em andamento
visando a conclusão do prédio onde
hoje se encontra instalada esta Casa, salientando descoberta de documento
histórico feita ontem na Biblioteca deste Legislativo. Agradeceu
a colaboração sempre recebida de Vereadores, funcionários e de toda a
comunidade, augurando pelo crescimento sempre maior da participação popular
nos trabalhos do Legislativo Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Depútado Valdir Fraga e ao Prefeito Olívio Dutra,
que congratularam-se com o Legislativo Municipal pelo transcurso de seus
duzentos e dezoito anos de existência. A seguir, os Vereadores Antonio
Hohlfeldt, Omar Ferri e Leão de Medeiros procederam à entrega de placas
comemorativas e lembranças ao Deputados Estaduais Valdir Fraga e André Forster,
ao Professor Sérgio da Costa Franco e a sua Esposa, ao Doutor
Francisco Luzardo, ao Coronel Antonio Carlos Maciel e ao Vereador Antonio
Catani. Em prosseguimento o Senhor Presidente comunicou que hoje à tarde será
lançado um Concurso Literário entre funcionários e Vereadores, através de
convênio firmado com a Secretaria Municipal de Cultura e a Revista Ponto e
Vírgula, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar,
declarou encerrados os trabalhos às onze horas e quarenta minutos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. e solicitou e solicitou aaos Líderes de Bancada quea conduzissrem ao Plenário as autoridades e personalidades presentepresentess. Compuseram a Mesa: Ver.Valdir Fraga, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; Senhoras Clara Rimolo
Anele, Jane Maria Faria da Silva, Maria Salete Jagmin, Maria da Graça
Vasconcellos, Karem Oliveira Machado, Vera Regina Nunes,
respectivamente, Diretora, Vice-Diretora, Presidente do Colegiado,
Primeira Diretora, Aluna representante da 8ª série e
Presidente do Círculo de Pais e Mestres da Escola Municipal de 1º José Loureiro
da Silva; Professora
Gislaine Nervo, Virgínia Ceccarelli e Raquel Treiguer, ex-Diretoras da referida
Escola; Profª Esther
Pillar Grossi, Secretária Municipal da Educação; Ver. Dilamar Machado, Líder do
PDT na Casa e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente como autor
da proposição em nome da
Bancada do PMDB, PCB e PL, registrou o transcurso, ontem dos trinta e cinco
anos de fundação da Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro da Silva, falando
acerca da história dessa
escola que, desde sua fundação tem se destacado por “constituir-se num exemplar
estabelecimento de ensino”, salientando a visão educacional abrangente
de seus professores e de seu quadro funcional. Em
prosseguimento, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos demais Vereadores
que falariam em nome da Casa. Ver. Dilamar Machado, em nome da
Bancada do PDT, dizendo ter
conhecido e trabalhado com o Sr. José Loureiro da Silva, patrono da
escola homenageada, comentou a atuação de S. Exª como
Prefeito e político de Porto Alegre, salientando sua visão de administrador e sua
extrema dedicação a nossa Cidade. O Ver. Luiz Braz em nome das Bancada do PTB
destacou a presença
da comunidade da Zona Sul
nesta solenidade, asseverando que tal fato atesta a satisfação dessa
comunidade para com o trabalho que a Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro
da Silva vem
realizando. Registrou que o Sr. José Loureiro da Silva integrou o PTB e,
parabenizando a escola aniversariante citou
frases de Pitágoras: “Educais os homens e não precisareis puni-los”. Após o Sr. Presidente anunciou a
presenças dos alunos do Jardim de Infância da escola homenageada,
interpretando a “Canção da Primavera”. A seguir,
o Ver. João Motta, em nome da Bancada do PT e do PSB, discorrendo sobre o papel
fundamental da educação na sociedade, afirmou que, no Partido
de S. Exª, a educação é questão política primordial. Defendeu que a educação de
1º Grau ocupe cada vez
mais o espaço que lhe é necessário e urgente. Parabenizou a comunidade atendida
pela escola homenageada
pelo trigésimo quinto aniversário daquele estabelecimento de ensino. O Ver.
Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, salientou a
importância do patrono da escola aniversariante para a história do País
e, em especial, à educação. Congratulou-se com o Ver. Valdir Fraga
pela iniciativa e narrou fatos relativos à fundação
da Escola de 1º Grau José Loureiro da Silva. Após, o Sr. Presidente anunciou a
participação dos alunos da 7ª e 8ª séries da Escola Municipal de 1º
Grau José Loureiro da Silva apresentando um jogral com o histórico da
escola homenageada. Em continuidade, concedeu a palavra a Karem
Oliveira Machado, a qual discorreu
sobre a história e as
condições de ensino
oferecidas pela escola homenageada, bem como do orgulho que a mesma representa
para os alunos que lá estudam; a Vera Regina Nunes, a qual
discorrendo sobre as lutas que os pais e professores daquela escola vem
realizando em prol da educação de seus filhos e alunos, agradeceu a homenagem
prestada pela Casa; a Esther Grossi, a qual salientou o esforço dos
professores, funcionários e direção da escola homenageada,
asseverando que a mesma vem realmente “produzindo aprendizagem”, e atentando
para as atividades ali realizadas, de incentivo de integração entre a escola e a
comunidade a qual atende; a Clara Rimolo Anele, que agradeceu em nome da Escola
Municipal de 1º Grau
José Loureiro da Silva, a homenagem recebida deste Legislativo. Durante os
trabalhos, o Sr. Presidente
registrou as presenças, no Plenário, dos Vereadores Artur Zanella, Luiz Braz,
Ervino Besson e Clóvis Brum. : Clóvis Brum, Segundo Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Porto AlegreÀs dezessete horas e trinta e um minutos, o Sr.
Presidente agradeceu a
presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou
encerrados os trabalhos às
dezessete horas e
trinta e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Ver.Valdir FragaAntonio
Hohlfeldt e Omar Ferri
e secretariados pelos Vereadores. Leão de
Medeiros Dilamar Machado, Secretário “ad
hoc”. Do que eu, Dilamar Machado Leão de
Medeiros, Secretário “ad hoc”, 1º
Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretáriopor mim.
, no exercício
da Presidência dos trabalhos; Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, homenageado;
Dr. Tarso Genro, Vice Prefeito de Porto Alegre;
Deputado Estadual Jauri de Oliveira, Líder da Bancada do PSB na Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Ver. Omar
Ferri, Líder da Bancada do PSB, neste Legislativo Municipal e, na ocasião
Secretário “ad hoc”; e Srs. Teresinha Petracco Grandene,
irmã do Homenageado e representado os demais familiares. A seguir o
Sr. Presidente manifestou-se sobre a homenagem que este
Legislativo prestava e concedeu a palavra aos oradores que falariam em nome da
Casa. O Ver. Leão de Medeiros, em nome da Bancada do PDS, ressaltou qualidades
do homenageado, especialmente no
âmbito político, profissional e pessoal. E, relatando aspecto da vida do Sr.
Fúlvio Petracco, prestou suas homenagens ao mesmo. O Ver. Flávio Koutzii, em
nome da Bancada do PT, manifestou sua satisfação em encontrar o homenageado,
relembrando passagens de lutas empreendidas na militância política em prol das
classes populares. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, do PCB, em
nome do PC do B, registrou a presença de militantes do Partido Socialista
Brasileiro no Plenário, em solidariedade à homenagem que é prestada por esta
Casa ao Sr. Fúlvio Celso Petracco, destacando luta que há muito S. Sª tem ensinado aos seus Partidários.
Esclareceu circunstâncias que levaram S. Exª a ingressar no PSB. E, saudando o
Ver. Elói Guimarães pela iniciativa da proposição, parabenizou-se com o Sr.
Fúlvio Petracco. E o Ver. Elói Guimarães na condição de autor da
Homenagem e em nome da Bancada do PDT, dói PTB, do PL e
do PMDB, referindo princípios que presidem a outorga do Título Honorífico,
ressaltando que a presente homenagem é concedida em reconhecimento ao trabalho,
ao talento, à pessoa do Sr. Fúlvio Petracco, de quem destacou qualificações.
Relembrou episódio protagonizado pelo homenageado quando do Movimento de Legalidade, e
do Golpe de Mil Novecentos e Sessenta e Quatro, a
postura política de S. Sª em campanhas eleitorais. E augurou que o Homenageado
ainda muito contribuía na busca de uma sociedade mais justa. Em continuidade, o
Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal,
que em nome do Executivo Municipal, prestou homenagem ao Sr. Fúlvio Celso
Petracco. Ainda o Sr. Presidente procedeu a leitura do Texto do Título de
Cidadão e concedeu a palavra ao Deputado Estadual Jauri de Oliveira, que
prestou testemunho sobre a personalidade do Homenageado como dirigente
partidário. Em ato contínuo, o Sr. Presidente convidou o Ver. Elói Guimarães
para proceder a entrega do Título Honorifico de Cidadão Emérito ao Engenheiro
Fúlvio Celso Petracco, bem como aos presentes para que, em pe´, assistissem
essa formalidade. Após, concedeu a palavra ao Homenageado, que formulou
agradecimentos a todos que conviveram com S. Sª nos campos estudantis,
profissional e político. E destacou a atuação política desta Câmara Municipal,
expressando sua gratidão pela outorga do Título de Cidadão Emérito. Nada mais
havendo a tratar, o Sr. Presidente agradeceu a
presença de todos e levantou os trabalhos às dezoito
horas e cinqüenta minutos, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Clóvis Brum,
e secretariados pelo Ver.Omar Ferri, como Secretário “ad hoc”. Do que eu Omar
Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, lida
e aprovada será assina pelo Sr. Presidente e
pelo 1º Secretário.
O SR.
PRESIDENTE (Clóvis BrumValdir FragaAntonio
Hohlfeldt): A Sessão
Solene destinada homenagear
a Escola Municipal de 1º Grau José Loureiro da Silva foi requerida por este Vereador e aprovada
por unanimidade nesta Casa.Declaro
abertos os trabalhos da 29ª Sessão Solene, da 3ª Sessão Legislativa Ordinária, da
X Legislatura.
Convido para
comporem a Mesa: o Ver. Omar Ferri, 2º Vice-Presidente da Câmara; o Ver.
Wilson Santos, 2º Secretário; o Dr. Francisco Luzardo, Procurador-Geral de Justiça; o
Sr. Valdir Fraga, Dep. Estadual; o Cel. Antônio Carlos
Maciel Rodrigues, Comandante Geral da Brigada Militar do Estado; o Sr. André
Forster, Presidente do PMDB, ex-Vereador desta Casa;
o Sr. Antônio Catani, Presidente da Câmara de Vereadores de
Guaíba; o Sr. Sérgio da Costa Franco, historiador, professor e
jornalista, bem como sua esposa dona Inês;
registramos, ainda, a presença do Dep. Estadual Mendes Ribeiro Filho,
ex-Vereador desta Casa; do Dep. Estadual Jarbas Lima, representando a Bancada
do PDS; do ex-Ver. Frederico Barbosa; da Srª Eva Sopher, Diretora da
Fundação Teatro São Pedro; da ex-Verª Gladis Mandelli,
ex-Secretária e pessoa a quem estavam afetas as obras desta Casa em anos
anteriores; do Jornalista Firmino Fabrício, representante da ARI; Dr. Oswaldo, Procurador
do Estado; do Dr. Guilherme Barbosa, Diretor do DMAE; do Dr. Newton Burmeister,
Secretário Municipal de Obras e Viação do Município de
Porto Alegre; do Sr. João Machado, representante da Secretaria Extraordinária
de Comunicações; do Dr. Nelson da Costa e Silva; alunos da
Escola de 1º e 2º Graus César Mesquita, conduzidos pelas Professoras Sônia e Vera
Lúcia, que também nos dão o prazer de suas presenças; Srs. Vereadores, meus
senhores, a Mesa Diretora da Casa houve por bem, atendendo, inclusive, a uma idéia do Ver.
Nereu D’Ávila, que, ao longo do tempo, posteriormente, amadureceu e se
transformou num conjunto de atividades comemorativas aos 218 anos de existência desta
Casa, presença efetiva do Legislativo na Cidade de Porto Alegre, marcar esta
data com uma Sessão Solene, e justamente estamos agora iniciando. E marcamos
esta data, entre outras atividades, com uma série de palestras, que visavam
exatamente a relembrar um pouco a nossa história, a história brasileira,
até porque estamos na Semana da Pátria, a história do Legislativo deste País, e
muito especialmente a história desta Casa, da Câmara Municipal de Porto Alegre.
E
é neste sentido que eu tenho o prazer de, a partir de agora, passar a palavra
ao Professor Sérgio da Costa Franco, que proferirá a palestra que
encerra esta Semana de atividades, e abre esta Sessão Solene.
Dr. Sérgio, a tribuna é sua.
O
SR. SÉRGIO DA COSTA FRANCO: Eu devo, em primeiro
lugar, me congratular com a Câmara, com o seu Presidente,
pela sua iniciativa de associar a História à celebração do seu aniversário; ao
celebrar o aniversário do Parlamento em Porto Alegre, se faça uma reflexão ao
longo do processo histórico da conquista do poder pelo povo, da
participação do povo em relação ao Poder. Este foi um
processo efetivo, constante, se olharmos o panorama das instituições municipais
do Brasil, desde o período colonial até hoje, vamos ver que cresce a sua
representatividade, cresce a participação popular.
As Câmaras
Municipais no Brasil, mais particularmente esta de Porto Alegre, cuja análise
histórica é fácil de fazer, tiveram cinco encadernações. É possível sintetizar
cinco encadernações. A primeira, a Câmara, e o Governador José
Marcelino de Figueiredo, impôs que se transferisse de Viamão para Porto
Alegre, funcionava com dois juízes ordinários, três
Vereadores e um procurador, escolhidos a cada ano. Essa primeira corporação não passava,
realmente, de uma concessão do Rei ao governo local. Não tinha um
caráter democrático e representativo. Por mais que alguns historiadores queiram
acentuar o caráter democrático das Câmaras no período colonial, não se
encontra, realmente, nos documentos históricos a evidência de clara anuência
popular, de clara representatividade dessas composições.
Se olharmos
a composição do velho Senado da Câmara de Porto Alegre, que vem desde 1773 até 1829,
este antigo Senado da Câmara como se chamava, ou então Conselho,
era uma parte das pessoas da elite local, que muitas vezes não chegavam,
sequer, a 20, nas grandes reuniões convocadas, onde se convocavam os homens
bons e o povo. A gente vê que as assinaturas chegam, escassamente, a vinte. A última
eleita Câmara, dentro deste sistema que era o das ordenações Filipinas,
a última Câmara eleita em 1828, no processo eleitoral se verifica que
houve quatorze pessoas, a isso se limitavam as Câmaras do período
colonial e se formos ver os nomes dos titulares da Vereança, dos
juízes
ordinários, e o procurador, vamos ver que havia uma monótona repetição dos
mesmos nomes. Eu cheguei a fazer este cotejo no período que vai
desde 1970 até 1810, são sempre as mesmas pessoas que ora figuram como
Vereadores, ora como Procuradores, ora como Juízes Ordinários e depois de terem
servido nisso também passam a outras funções securitárias que tinham
as Câmaras, que eram o Juiz de Almotacé, o Tesouro de Órfãos e Tesoureiro de
Ausentes e o mecanismo do município colonial era simultaneamente administrativo e
judiciário, uma série de funções de natureza judiciária que eram deferidas as
velhas Câmaras.
Mas, essa
Câmara que herdamos de Portugal e que os autores portugueses falam que seria
até de inspiração romana, teria influência dos romanos, na verdade, não passavam
de uma concessão dos reis, dos reis de poder absoluto ao alto governo local. Os
chamados homens bons das vilas se incumbiam das pequenas
tarefas e realmente eram muito pequenas, quer dizer, o governo municipal
cuidava de muito pouca coisa. Se nós vamos ver aqui na matéria de que
cuidava a Câmara do período Colonial, vamos ver que ela fazia anualmente o
arrendamento do açougue, essa era uma das rendas mais importantes, era a
arrematação do açougue para o fornecimento de carne à população.
Cuidava da instalação de uma banca de peixe; cuidava tardiamente do calçamento
das primeiras ruas e isso até por imposição de um Ouvidor de Santa Catarina, que chegou
aqui, e estabelecido ali na Rua da Ladeira, ficou apavorado com a água e com
as enxurradas que desciam pela Rua da Ladeira,
então forçou a Câmara a calçar a primeira rua calçada em Porto Alegre, em 1799,
foi a Rua da Ladeira que passou-se a chamar Ladeira do Ouvidor,
exatamente porque tinha sido uma imposição,
caríssima, aliás, do Ouvidor de Santa Catarina.
Essas
Câmaras do período colonial, a Câmara que aqui se instalou em 1773, que
funcionou dentro desse mesmo regime até além da
independência, da própria vigência da Constituição do Império, ela vai com o
seu regime até 1828, quando vem a Lei Imperial de 1º de outubro de 1828, que regulou
as Câmaras Municipais do Império. Mas essa Câmara, dizia eu, carecia de
autonomia, tanto que ela era estritamente submetida a esses juízes, os
Ouvidores por exemplo, chegava um Ouvidor de Santa Catarina, que tinha jurisdição sobre o
Rio Grande do Sul, chagava em Porto Alegre e era um Deus nos acuda, porque ele
fazia várias imposições à Câmara local, inclusive fazia a Câmara suportar
dispêndios, gastos que ela não tinha condições de suportar.
Há um
documento muito importante, que foi copiado por mim, transcrito nos Anais do
Arquivo Histórico Municipal, editado em 1988, que é a provisão do
Ouvidor Manoel Pires Querido Leal em 1781, e que disciplina tudo a respeito da
Câmara, o que os Vereadores tinham que fazer, os dias
das reuniões, que era quartas e sábados, como deviam funcionar os
juízes, cada um dos funcionários. O Juiz-Ouvidor e Corregedor, que esse sim era
uma autoridade do Rei, com poderes emanados diretamente do Rei, esse vinha e
dispunha tudo a respeito do funcionamento da Câmara. Isso
mostra que a Câmara Colonial era muito limitada, muito privada de uma real
autonomia, mas chegamos a segunda encarnação da Câmara
com a Lei de 1828, e esse é, me parece, um passo muito importante, a Câmara
Municipal do Império. Primeira eleição que se
fez sob esse regime já movimentou um número considerável de eleitores. O
Vereador mais votado de 1829 foi Antonio José Rodrigues Ferreira, recebeu 464
votos. Se compararmos com sistema anterior, a eleição até tinha sido no ano
anterior, em que não tinham participado mais do que 14 homens bons, segundo a
linguagem da época, a presença de mais de 40 eleitores, numa cidade que andava
em torno de 10 mil habitantes, dos quais a metade eram escravos privados do
direito de voto; um grande número de mulheres, que também não tinham o direito
de voto, e considerando que o direito de voto, no império, começava aos 25
anos, pela Constituição do Império era acima dos 25 anos e para as pessoas,
reservado às pessoas que tivessem 100 mil réis de renda anual, é uma cifra
considerável. Essa eleição de 1829 demarca um momento importante, aí que nasce,
realmente, uma Câmara portadora de certa representatividade e, mais, com uma
soma já considerável de poderes administrativos. Ela perdia os poderes
judiciários, perdia toda e qualquer interferência na distribuição de justiça,
como tinha tido a Câmara do Período Colonial, mas passava a cuidar da administração
da cidade com bastante amplitude, embora sem autonomia plena. Nós sabemos, pela
Constituição do Império, as Câmaras tudo decidiam a respeito da política
municipal, mas sujeitas ao controle da Assembléia Legislativa Provincial. Então
os próprios orçamentos da Câmara Municipal do Império tinham que passar pela
Assembléia, os códigos de postura eram aprovados posteriormente pela
Assembléia. Carecia a Câmara Municipal do Império da autonomia que viria a ter
mais tarde e de que desfruta hoje. O Município, no Império, era uma entidade
estritamente administrativa e submetida ao controle da Província, da Assembléia
Provincial e do Presidente da Província. Mas essa Câmara do Império, que os
jornais da época chamavam sempre, quando queriam fazer gozação, de ilustríssima,
porque era o termo que cabia pelo cerimonial, e ela tinha poderes
consideráveis, porque não havia Prefeito. As funções de Prefeito eram
desempenhadas pelo Presidente da Câmara, que era sempre, por determinação
legal, o Vereador mais votado, que exercia a Presidência da Câmara e cumpria as
tarefas executivas da Administração. De resto, a Câmara deliberava sobre tudo:
sobre alinhamento de ruas, sobre alargamento de ruas, sobre denominação de
ruas.
Para escrever o meu livro sobre a História de Porto Alegre, fiz a
leitura das Atas da Câmara Municipal, por quase 3 anos, li Ata por Ata, fazendo
registros e fichas E é impressionante como a Câmara se envolvia em tudo no que
se relacionava à Administração local, porque a Constituição do Império lhe proibia
qualquer manifestação no sentido político, as Câmaras tinham que ser
estritamente administrativas. Sabemos que quando a Câmara de São Borja, em 188,
propôs um plebiscito para deliberar sobe o 3º Reinado, contestando o direito da
Princesa Isabel ascender ao trono sem prévio plebiscito, foi processada e os
Vereadores condenados. E a Câmara de Porto Alegre se recusou a um
pronunciamento, sob a alegação que, conforme a Lei, não podia se manifestar em
matéria política. Então a Câmara Imperial era estritamente administrativa Ela
representou, sem dúvida, um sensível progresso em termos de representatividade.
E o povo teve o seu parlamento, na verdade, constituído apenas de 9 Vereadores;
era um pequeno parlamento, mas representava, efetivamente, pelo menos, a elite
da população local.
A terceira encarnação da Câmara Municipal vem com a República e marcada
pela influência da Constituição Castilhista de 1891. Essa terceira Câmara, que
não se chamava Câmara, era o Conselho Municipal, existiu de 1892 até 1930. Era
um Conselho de 9 membros eleitos por voto direto, mas tinha apenas atribuições
orçamentárias: cuidava das leis tributárias, do orçamento e da eventual
concessão de isenções de impostos ou de subvenções. Era uma Câmara estritamente
financeira e orçamentária. Eram chamados Conselheiros, se reuniam apenas do dia
15 de outubro a 15 de dezembro, não tinham poder de se autoconvocar, de
prolongar a Sessão; só podia haver Convocação Extraordinária pelo Intendente
Municipal. Esse Conselho corresponde às concepções antiparlamentares do
positivismo que marcou a Constituição Castilhista de 1891. Nós sabemos que
também na órbita estadual a Assembléia era apenas orçamentária; não legislava,
a não ser sobre direito tributário e sobe orçamento. Se assim acontecia no
âmbito estadual, e os Municípios linearmente acompanhavam. Esse Conselho
realmente tinha pouca expressão no Município da 1ª República; esse Município,
que vai de 1892 a 1930 é um Município comandado pelo Intendente Municipal. Os
Intendentes eram as grandes figuras tal como o Presidente do Estado, que tinha
o Poder Legislativo. Sabemos, essa Constituição Castilhista entregava ao
Governador o poder de legislar. A Assembléia era inteiramente afastada do
Processo Legislativo, a não ser no tocante a matéria tributária e orçamentária.
Note-se, até 1916, foi maciçamente unipartidário, por força mesmo do
Sistema eleitoral, não havia representação proporcional, então nove candidatos,
o Presidente do Partido apresentava as suas chapas, o vitorioso levava tudo,
levava os nove lugares. No princípio a Constituição Castilhista e a Legislação
respectiva não aceitou, não admitiu a representação das minorias. Princípio que
hoje é fundamental para nós. Só em 1913 o Estado estabeleceu o sistema de
representação das minorias, e que o Município também adotou. Em conseqüência,
em 1916, pela primeira vez, um Vereador Federalista, chamava-se Euvídio
Silveira Martins, assumiu pela primeira vez um Conselho Municipal, porque a Lei
proporcionou a representação das minorias. E daí em diante houve sempre este
ornamento da oposição dentro do Conselho. Não podia fazer nada, quando muito
protestava, em geral era muito dócil, e em geral cordato e parece que muito
cortejado pelo Intendente Municipal, porque ele fazia as vezes de representar
as minorias. O último Conselheiro de oposição foi o Dr. Basil Sefton, que
pertencia ao Conselho que era do Partido Libertador, pertencia ao Conselho que
foi dissolvido com a Revolução de 1930.
A terceira encarnação da Câmara viria em conseqüência da Constituição
Estadual de 1935.
Em 1930, nós sabemos, as Câmaras, os Conselhos Municipais, tudo foi
dissolvido em conseqüência da Revolução de 1930. Houve um lento processo de
reconstitucionalização posterior. Em 1934 votou-se uma Constituição Federal, em
1935 uma Constituição Estadual, e essa Constituição Estadual reestabelece as
Câmaras Municipais, já então, com um sistema de representação proporcional, a
Câmara de Porto Alegre teria, então, 11 Vereadores. Segundo a Lei Orgânica
aprovada em 1936, e houve uma Câmara de curta duração, 1936 e 1937, 1937 foi
dissolvida por força do Golpe de Estado, que gerou o Estado Novo, e dessa
Câmara participou uma figura muito importante, que foi Alberto Pasqualini, como
Vereador da oposição. Teve predomínio amplo do PRL, partido do General Flores
da Cunha, mas a oposição tinha 3 Vereadores. Essa pequeno parlamento de 11
membros ainda vinha meio marcado pelos preconceitos antiparlamentares da
Primeira República, porque ele devia funcionar apenas dois meses por ano, cada
Sessão duraria um mês, podendo esse prazo ser prorrogado por 15 dias no máximo,
dizia a Constituição Estadual de 1935. À primeira Reunião Ordinária do ano
procedeu-se ao exame e julgamento das contas do Prefeito relativas ao
exercício, na segunda Reunião Ordinária serão votadas a lei do orçamento para o
exercício seguinte, e medidas conexas, servindo de base às informações
fornecidas pelo Prefeito. Agora, já admitia a convocação extraordinária,
mediante convocação do Prefeito, de seu Presidente, ou se 1/3 dos seus membros.
Continuava ainda sem remuneração a representação, a presença de remuneração é
muito recente, da quinta encarnação, depois de 1948. A Câmara Colonial,
representava quase que um castigo integrá-la, muita gente pedia dispensa, fugia
de ser Vereador ou de ser juiz ordinário; isso só implicava prejuízos e
incômodos. Havia, então, constantes pedidos de dispensa, os eleitos iam até o
ouvidor pedir dispensa; eram até submetidos a sanções apenas quando faltavam às
reuniões eventuais.
Na Câmara do Império já não havia essa fuga ao cargo. De um modo geral,
a vereança passava a ser o início da carreira política, pois sendo os cargos
disputados, era o prólogo da carreira de Deputado, tal como acontece hoje – e
V. Exas sabem disso muito bem.
Os conselhos republicanos também não eram remunerados. Os conselhos
municipais da primeira república, mas os cargos eram altamente respeitados e
dignificados. As pessoas muito expressivas, importantes, aceitavam ser
conselheiros, por exatamente ser uma função muito respeitada. Os cargos tinham
uma função eleitoral muito importante: apuravam as eleições. Na ausência da
Justiça Eleitoral, grande parte das fraudes com que sancionavam as eleições
estaduais eram processadas no âmbito dos conselhos municipais, que tinham a
função de apurar eleições. Inclusive as estaduais eram proclamadas pelo
Conselho Municipal de Porto Alegre. A função política valoriza muito o cargo,
muito embora não fossem remunerados. Os conselhos do período de 1935 e 1937 não
eram remunerados.
Chegamos à moderna Câmara que,
apesar das transformações, das diversas constituições que nos regeram após
constitucionalização pós-45, a Câmara apresenta uma certa continuidade.
Aumentou o seu número de membros, começou com 21, passou para 33, mas ela
basicamente, a Câmara que é hoje detém os poderes já estabelecidos pela
Constituição Estadual de 1947 e pela Lei Orgânica de 1948. Esta Câmara, já
refletindo o processo democrático no País, o processo de aproximação do poder
com o povo sem dúvida que representou um grande passo a frente. Deixa de ser um
conselho elitista, mais ou menos fechado como tinha sido sob os regimes
constitucionais anteriores para ser realmente o Parlamento da Cidade muito
representativo dos segmentos mais expressivos da população local e também
marcando, ao longo do tempo, um aumento da participação popular. Nós vemos hoje
uma Casa que freqüentemente tem galerias cheias e com a população participando
de projetos, de sugestões, e até da elaboração orçamentária como tem
acontecido. A Câmara se acha valorizada e celebra neste momento o seu
aniversário em condições muito auspiciosas.
Acho que, como panorama geral da Instituição, está cumprida a minha
tarefa. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer ao Prof.
Sérgio da Costa Franco, que encerra assim este ciclo de palestras sobre a nossa
Casa, palestras estas que, devidamente anotadas pela taquigrafia e transcritas,
constituirão excelente matéria-prima para publicação eventual desses dados em
torno do Legislativo Municipal.
Solicito ao Ver. Omar Ferri, segundo Vice-Presidente da Casa, que assuma
a direção dos trabalhos, para que possamos nos dirigir aos nossos
Companheiros-Vereadores.
O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): Passo a palavra ao Exmo Sr.
Presidente da Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt, que fará o pronunciamento oficial
de encerramento desta semana comemorativa pelo 218º ano de instalação da Câmara
de Vereadores de Porto Alegre.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exmo Sr. Ver. Omar
Ferri, 2º Vice-Presidente, na Presidência dos trabalhos neste momento,
Excelentíssimo Sr. Prefeito Municipal, Dr. Olívio Dutra; Dr. Francisco Luzardo,
Procurador-Geral da Justiça; prezado companheiro Dep. Estadual, ex-Vereador,
ex-Presidente por duas vezes nesta Casa, Valdir Fraga; prezado Comandante-Geral
da Brigada Militar, Cel. Antônio Carlos Maciel; meu prezado companheiro,
ex-Vereador, ex-Presidente desta Casa, André Forster, na Presidência do PMDB;
prezado Vereador Antonio Catani, Presidente da Câmara Municipal de Guaíba;
prezado Prof. Jorn. Sérgio da Costa Franco; sua esposa Dona Inês; Ver. Leão de
Medeiros, nosso Secretário; Srs. Líderes Partidários; Srs. Vereadores; Srs.
Deputados; nossos convidados que nos dão o prazer, inclusive aqueles cidadãos
que foram distinguidos com títulos por esta Casa; Srs. Funcionários; minhas
senhoras e meus senhores. Por delegação das Lideranças, o que muito me honra
porque abriram mão os Srs. Líderes da palavra, nesta Sessão, para que apenas o
Presidente se manifestasse em nome da Casa. Eu quero, inicialmente, me permitir
inserir estas festividades naquele quadro de festividades ligadas à
nacionalidade, que culminam amanhã, dia 7 de setembro. Até porque o 6 de
setembro que hoje comemoramos é mais antigo do que o 7 de setembro de quase
meio século. Isso diz bem o que significam esses 218 anos que estamos marcando
nesta manhã. Nós tivemos, ao longo desses anos, desses séculos, a formação
desta Casa através daqueles que se costumavam chamar os homens bons da Cidade,
que o Sérgio aqui recordava, na sua palestra, e eu me lembrava que num dos primeiros
textos da literatura ocidental, quando Aristóteles na sua poética, que é o
primeiro tratado sobre Arte de que se tem notícia, aborda a questão de Epopéia,
a questão da tragédia que eram os gêneros literários iniciais, da mesma forma
falava que essas obras versavam sobre os melhores, sobres os grandes heróis da
então comunidade grega. Eu não sei se todos os Vereadores, inclusive nós, com
toda a humildade, que somos hoje Vereadores da Cidade, somos necessariamente
bons e os melhores, mas somos os 33 representantes formais da população de
Porto Alegre, aqueles 33 sobre os quais, sobretudo no momento de crise que o
Brasil atravessa, têm sobre seus ombros a expectativa da população. Já se disse
muitas e muitas vezes, que o município, como a menor unidade administrativa
daquilo que deveria ser a Federação do Brasil, acaba tendo sobre a sua
responsabilidade os problemas que lhe são especificamente afetos da
municipalidade, repartidos entre o Executivo, com a figura do Prefeito, do seu
secretariado, da sua equipe técnica e do Legislativo com seus Vereadores, mas
acaba este Legislativo também sofrendo as pressões, as disjunções de todos
aqueles reclamos, de todas aquelas contradições que se sofrem no dia-a-dia. E
todos nós Vereadores sabemos disso, que aqueles conjuntos de população
organizada, ou não, que chegam até os nossos gabinetes, que nos telefonam, que
pedem a nossa intermediação, a nossa participação na solução de problemas. Esta
Casa tem algumas tradições profundamente respeitadas, e eu me permito relembrar
sempre aquela que é, talvez, das mais significativas. Se esta Casa é mais
antiga que o Processo de Independência, unificação do Brasil, esta Casa também
se antecipou à decisão da libertação dos escravos, esta Casa também gerou uma
série de iniciativas que marcaram Porto Alegre, ao longo dos anos, como uma das
capitais mais politicamente desenvolvidas. Desta Casa saíram, dentre outros,
apenas para lembrar alguns nomes recentes, pelo menos dois Governadores de
Estado, o Dr. Ilgo Meneghetti e, hoje, o Dr. Alceu Collares. Desta Casa também
saiu o Presidente da Câmara Federal, Dep. Ibsen Pinheiro. Desta Casa têm saído
muitos e muitos políticos e administradores, que prosseguem na carreira
ativamente, dedicando-se também à administração de Municípios e, às vezes, até
mesmo de Estados. Esta Casa tem as contradições da sociedade que representa,
mas também tem a grandeza dessa mesma sociedade, da qual todos nós fazemos
parte. Esta Casa sintetiza, na participação de cada companheiro Vereador, uma
História de Porto Alegre, que é marcada, inclusive, pela migração permanente,
pelo crescimento intenso e, por isso mesmo, às vezes desordenado, e que se
traduz na origem de cada Vereador.
Já tivemos a oportunidade de lembrar que poucos de nós somos aqui
nascidos. Ao contrário, a maioria veio de outros Municípios e aqui construíram
a sua vida particular, a sua vida profissional, e a sua vida política.
A atual Mesa Diretora escolheu uma série de eventos para marcar os 218
anos da Câmara Municipal. Na área cultural, com esta atividade que é
característica de Porto Alegre, como terceiro pólo de produção cinematográfica
do país, e o segundo público de cinema do País, promovemos e participamos da
atividade que, hoje, é tradicional, que é a Mostra Internacional do Cinema.
Nesse sentido juntaram-se o Legislativo, com a confiança dos nossos
Companheiros Vereadores, e o Executivo, na oficialização do evento, que é,
hoje, representativo.
Preocupamo-nos também em continuar aquilo que outras administrações –
quer do Executivo, quer da própria Casa – haviam iniciado, que são as obras
físicas, dando melhores condições de trabalho aos Vereadores. Construímos, em
três meses, 2.800 m² de obras; ampliamos os gabinetes de cada um de nós e não
para termos grandes e riquíssimas salas. Todos os Vereadores sabem o que foi o
desconforto de cada um nesses dias de obra, em que convivemos permanentemente
com a obra e com o nosso trabalho. Por isso mesmo, quero, de público, agradecer
pela compreensão e pelo apoio de cada um, porque cada um de nós também deu a
sua parcela de contribuição para o estágio em que nos encontramos. E nesse
mexe, nessa variação permanente de coisas, nós fizemos, ontem à tarde, uma
descoberta que eu gostaria de registrar aqui, neste discurso: os Senhores
poderão ver, depois, no saguão, exposto, um pequeno e importante pedaço da
história desta Casa. Num dos lugares aqui da Casa estava guardado um original
do orçamento manuscrito da Câmara de Porto Alegre, de 1856 e que, por um acaso,
nessa história de faz mudança, leva a Biblioteca para cima, troca de andar, nós
tivemos a sorte de reencontrar e poder apresentar a todos os Vereadores. É
interessante nós verificarmos esse documento e vermos, como lembrava o Sérgio,
o quão relativamente pequena e pouco autônoma era esta Casa e o quanto hoje em
dia ela ganha em dimensão e significado. Eu queria também agradecer muito
especialmente aos meus companheiros da Mesa Diretora, ao meu companheiro de
Partido muito especialmente, Ver. Clovis Ilgenfritz, que tem uma contribuição
antiga às obras, primeiro, como funcionário da Casa, depois, como Vereador
integrante da Mesa Diretora, na sua profissão de Arquiteto; ao Ver. Omar Ferri
e ao Ver. Airto Ferronato que, como vice-Presidentes têm permanentemente
discutido conosco a administração da Casa; aos Vereadores Leão de Medeiros,
como 1º Secretário sobretudo, Wilson Santos, como 2º Secretário, e Clovis
Ilgenfritz, como 3º Secretário, por terem repartido o ônus pesado da assinatura
de documentos, e vocês sabem, quem já ocupou a Mesa Diretora, Ver. Valdir Fraga,
como ex-Presidente, Ver. André Forster, que há dias em que temos montanhas de
papel para assinar. Ver. Lauro Hagemann, durante tanto tempo, respondeu por
esta tarefa pesada, e, sem isso, a Casa não vai andar, porque isso é a
continuidade daquilo que todos nós discutimos e decidimos neste Plenário. Eu
queria agradecer aos Srs. Líderes de Bancada, tenho tido permanente apoio de
todos os companheiros na representação partidária e isso tem nos dados
tranqüilidade na Presidência desta Casa. Queria agradecer, especialmente, a
cada Vereador em particular porque tem sido dezenas de sugestões que desde o
primeiro dia nós recebemos. Eu me permito lembrar, vendo o Ver. Vieira da
Cunha, a sugestão do convênio com a EBCT, para que tivéssemos a facilidade da
expedição de correspondência, uma medida simples, objetiva, mas que diminuiu
custos, facilitou o trabalho da expedição de correspondência, tornou mais
efetiva esta tarefa. O Ver. Dib várias vezes levantando algumas indagações,
enquanto Questões de Ordem, que nos ajudou a corrigir rumos, quando
eventualmente nos havíamos desviado de alguma questão, ou não havíamos dado
solução a outras questões; do Ver. Lauro Hagemann, com sua longa experiência na
Casa, de Vereanças de outros tempos, inclusive com as sugestões de organização
de trabalho, e, sobretudo, com a sua paciência de ter tido no seu gabinete a
entrada e saída de todo o material de obras que desenvolvemos até o último dia,
e que deve ter sido difícil ao Vereador, porque ficou restrito ao espaço mínimo
onde seu gabinete atuou. Eu poderia nomear, aqui, a cada Vereador
individualmente, o tanto que trouxeram de contribuições; o Ver. Adroaldo
Corrêa, que não me deixa deixar o microfone ligado de nenhum Vereador, dá o
alerta; o Ver. Gregol, o Ver. Gert Schinke com as suas sugestões em torno do
nosso telefone verde, do recolhimento de lixo selecionado, que teve a partição
do DMLU; enfim, cada um tem dado a sua contribuição. Não posso esquecer,
evidentemente, o Ver. Luiz Braz, que sugeriu nosso torneio de futebol de ontem
e de hoje, onde recuperamos esta tradição criada pelo Ver. Valdir Fraga, dos
jogos entre Vereadores e funcionários e, com isso, ampliamos esta relação em
torno da Casa. Quero agradecer, também, através dos funcionários da equipe mais
diretamente ligada à Presidência, à Sônia Roesler, à Beatriz Barcellos, à Nise
José da Silva, à Andréia Correia, à Paula Constantino e à Carmem; aos nossos
Diretores: Ilse Letsch, João Casimiro Sikora, Dr. Jaime Ungaretti, a nossa
Auditora Marion Alimena, ao Dr. Isaac Zilbermann, que venceu um desafio da
nossa descrença generalizada, se a Assessoria Técnica Parlamentar ia funcionar
ou não. A Rejane, da Assessoria de Comunicação Social; ao Mário Nei Franco, da
Segurança. Enfim, todos aqueles que respondem pelos setores fundamentais da
Casa pela contribuição.
Temos que mencionar, sobretudo, o nosso Prefeito Municipal, não só por
este ano, mas tenho certeza que falo também pelo Ver. Valdir Fraga,
ex-Presidente. Se o ex-Prefeito Alceu Collares, junto com o Ver. Wilson Araújo,
que na época era o Secretário da SMOV, tiveram coragem de romper umbilicalmente
com aquela nossa ligação provisória de 40 anos, no prédio da chamada nova
Prefeitura, na Presidência de André Forster, sem dúvida nenhuma, o Prefeito
Collares deu este chute inicial, o Prefeito Olívio Dutra tem uma contribuição
importante no apoio do desenvolvimento das obras na gestão do Valdir, onde
começamos a nos organizar aqui dentro da Casa. E agora neste ano, onde
concentramos os recursos orçamentários, pois como todos sabem são divididos os
duodécimos, concentramos isto em 3 meses e isto nos possibilitou uma negociação
excelente com as empreiteiras, negociação comandada pelo Ver. Clovis
Ilgenfritz, que nos propiciou fazer 15 ou 205 a mais de obras. O que facilitou
e adiantou a nossa obra e a nossa vida aqui na Casa.
Quero mencionar, entre tantos do Executivo, o Guilherme Barbosa, que
inclusive quando tivemos problemas finais de impressão de gráfica colocou o
DMAE à disposição para podermos produzir a tempo a plaqueta que vamos fazer a
entrega, depois, a todos os senhores. Também o Secretário Newton Burmeister,
pois todos viram as obras do estacionamento, projeto antigo que não poderia ter
sido feito em 15 dias sem a colaboração dele, o ajardinamento, a organização,
contou com a participação da SMAM, de seus homens-chave com a terra, o plantio
das plantas; enfim, com esta perspectiva, pelo menos para mim e os companheiros
de Mesa tem sido importante, mais do que nunca transformar esta na nossa casa,
da mesma maneira que nos sentimos bem no nosso local de trabalho, não apenas um
local que vamos e viemos cumprindo horários, não apenas um ritual para o qual
fomos delegados.
Eu queria lembrar, muito especialmente a ex-Vereadora Gládis Mantelli,
que começou este jogo difícil, quando ela era a Secretária da Casa. Sem dúvida
nenhuma, sem a participação da Gládis, repartindo essas responsabilidades com o
Clovis, os Presidentes se sucederam e lembro aqui o Ver. Brochado da Rocha, não
estaríamos hoje no estágio a que chegamos com a conclusão de obras. O Ver.
Valdir Fraga, certamente, vai sentir que o nosso som melhorou no Plenário,
podemos prosseguir aquilo que começou provisório com o Ver. Valdir Fraga, um
som decidido rapidamente para podermos usar o espaço, hoje já melhorou com
alguns cuidados técnicos, como a colocação de caixas de som para termos um
melhor trabalho. Acho que isso é importante e era isso que queria enfatizar.
Independente dos Partidos que representamos, independente das disputas que,
eventualmente, temos no Plenário, acho que temos conseguido dar uma
continuidade a esse trabalho, entre nós que nos sucedemos na Mesa Diretora e
também a vinculação entre o Legislativo e o Executivo.
Nós nos propúnhamos nesta Direção a modernização, estamos aí com a obra
sendo entregue hoje, resolvemos um problema de quase uma década, que é a nossa
mesa telefônica que até o final do mês de setembro teremos plenamente
funcionando a mesa digital com toda a possibilidade de ligação com o centro de
informática que está sendo desenvolvido.
E, sobretudo, na semana que vem já contaremos, Srs. Vereadores, com o
nosso fax, que vai nos possibilitar o contato bem mais simples, complementado
com o telex com tudo aquilo que precisamos contatar e ter os nossos relatos.
Temos uma idéia de nos ligarmos diretamente ao centro de informações do
Senado Federal e com isso toda a legislação disponível poderá ser alcançada
através do fax e através do telex, e isso nos revolverá vários problemas da
nossa atividade legislativa.
Nós nos propúnhamos também a questão da transparência, que estava muito
bem marcada na Lei Orgânica de 1988 e vejam os senhores que sem dúvida nenhuma
diminuiu muito o olhar crítico sobre a Casa a partir do momento em que, com a
participação de todos os Vereadores passamos a publicar, sem nenhum problema,
os nossos salários, os salários dos nossos funcionários, os nossos gastos,
naquilo que eu diria, sobretudo, num direito e num dever. No dever de
prestarmos contas e no direito de nós assumirmos sem nenhuma vergonha os nossos
salários, o nosso trabalho e sobretudo a nossa preocupação de sermos
absolutamente transparentes em relação à população, que é a nossa fonte de
poder.
E, por fim, a questão da democratização dentro de um processo histórico
marcado, sobretudo, pela Constituição e pela Lei Orgânica, eu não tenho dúvidas
de que a decisão do ano passado, desta Casa, de institucionalizar a Tribuna
Popular e a prática que temos tido, nos aproximou profundamente da população de
Porto Alegre. Tivemos representantes de segmentos mais diferentes possíveis, as
idéias por vezes mais opostas possíveis, e nem por isso tivemos o nosso poder
de Vereadores diminuído. Acho que temos uma etapa importante agora em
desenvolvimento, que é o nosso Regimento Interno novo, cujo processo o Ver.
Vieira da Cunha, Ver. Lauro Hagemann, Ver. João Motta, Ver. Vicente Dutra,
como Relatores Adjuntos, comandam, e todos nós participamos.
E eu quero deixar aqui um terceiro desafio ainda para este ano. As Leis
Complementares que ainda faltam ser feitas, e que não apenas nós temos responsabilidades,
mas que estamos pensando em transformar o mês de setembro e outubro no período
em que inclusive a sociedade civil organizada participe com as iniciativas em
torno dessas Leis Complementares. Acho que isso reforçará muito esse respeito
que esta Casa já tem em relação à população; vamos reforçar também a
participação da população em relação a esta Casa. Acho que todos nós que aqui
estamos acreditamos efetivamente na atividade política séria, com as nossas
posições ideológicas, com as nossas disputas, com os nossos espaços claramente
demarcados. Nós temos uma coisa em comum: nenhum de nós, tenho certeza, almeja
o poder pelo poder, nós queremos o poder como uma intermediação de uma vida
melhor para a nossa população, acho que essa é a função da nossa Casa.
Eu queria mais uma vez agradecer a cada Vereador, especialmente os Srs.
Líderes, a delegação da palavra nesta Sessão, e dizer a todos que tenho muito
orgulho de integrar esse Legislativo e sobretudo de neste ano presidi-lo. Muito
obrigado e esperamos que os 218 anos possam ser comemorados na sua evolução
futura com autonomia e a liberdade crescentes; e a afirmação sempre maior desta
Casa. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passo a Presidência ao Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Nós passamos a palavra ao
Representante da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e ex-Presidente
desta Casa, Ver. Valdir Fraga, hoje Dep. Valdir Fraga.
O SR. VALDIR FRAGA: Presidente, Ver. Antonio
Hohlfeldt; Prefeito Olívio Dutra; Comandante Geral da Brigada Militar; demais
companheiros e amigos de Mesa; Prefeito Anselmo, de Pelotas; Companheiros
Vereadores; Secretários; Funcionários, Imprensa. Estamos, aqui, o Deputado
Mendes Ribeiro e o Deputado Jarbas Lima, representando a nossa Casa Legislativa
Estadual. Fui designado pelos dois companheiros, por ser ex-Presidente, para
dizer algumas palavras, por isso gostaríamos de nos congratular com a Casa e
com a Cidade pelos 218 anos da nossa Câmara Municipal. Chegamos nesta Casa em
1977; presidia a Câmara Municipal o ex-Presidente Aloísio Filho, e aqui se
encontravam vários Vereadores. Chegamos trêmulos como estamos agora, olhando
para aquelas figuras da nossa Cidade como Wilson Arruda, Rubem Thomé; chegamos
com um grupo de novos Vereadores, e, ali, a partir daquele momento, começamos a
desenvolver um trabalho, passando a gostar cada vez mais desta Casa. Em
1983/1984 assumimos a Presidência e, na Prefeitura, o Prefeito era o nobre
companheiro e amigo João Dib. A partir dali houve um entendimento perfeito
entre Câmara e Prefeitura, quando fomos destacados pelo entendimento sobre a
Lei do Orçamento, onde não ultrapassamos as barreiras, conforme o destaque do
Prefeito na época. Logo em seguida vieram as lutas pela anistia e as eleições
nas capitais para os governos estaduais, seguindo a luta para a Presidência da
República pelas eleições diretas. Em 1986, quando Secretário do Governo,
licenciado pela Câmara Municipal, e na Presidência da Câmara o Ver. André
Forster, eu gostaria de destacar a iniciativa do Prefeito Alceu Collares
naquela oportunidade e do Presidente da Casa, para transferência da Câmara de
imediato para esta Casa, tendo em vista problemas elétricos no edifício da José
Montaury. Nesta Casa assumimos em 1989 e 1990 a Presidência, e estavam conosco
na direção os Vereadores Wilton Araújo, Lauro Hagemann, Adroaldo Corrêa, Isaac
Ainhorn, Clóvis Brum. A partir daí desenvolvemos o trabalho, em conjunto com
estes funcionários. Trago comigo a lembrança dos funcionários exemplares que
esta Casa tem e, se terminássemos com a estabilidade, poderiam surgir as
politicagens e talvez perdêssemos esses funcionários, tanto os do Legislativo
como os do Executivo. Hoje, ainda numa entrevista na rádio, assumimos a posição
de nem pensar em retirar a estabilidade dos funcionários públicos. Presidente,
eu ouvi V. Exª destacar os trabalhos desenvolvidos por esta Mesa. Estamos
acompanhando este trabalho, porque não conseguimos ainda nos desligar desta
Casa; há poucos dias, conversando com o Mendes Ribeiro, nos perguntamos por
que, e eu, agora fazendo os cálculos, vejo que está fazendo 14 anos que estou
convivendo com esta Casa e com esta comunidade porto-alegrense. Há uma pequena
distância da Câmara Municipal para a Assembléia Legislativa, onde, aos poucos,
estamos aprendendo com os nobres colegas Deputados. Fazendo os cálculos, parece
que eu saí daqui ontem, mas estamos em 1991, e eu não estava me dando conta de
que eu fiquei até 1990. Faz 7 meses, e eu imaginando que eu já tinha saído
daqui há 10 anos. Por isso, Ver. Antonio Hohlfeldt, companheiros de Mesa: eu
cumprimento V. Exª pelo trabalho maravilhoso, excelente que os senhores estão
desenvolvendo. Esta Casa, o corpo de Vereadores desta Casa é um orgulho para o
nosso País, é um exemplo de trabalho e de cidadania que desenvolve
representando a comunidade porto-alegrense. Eu destaco o nosso trabalho do
período anterior, que foi a nossa Lei Orgânica, por isso espero que nós
possamos estar juntos nos 219 anos, no próximo ano, com esta Casa com mais obras;
acredito que o próximo Presidente deverá fazer mais do que V. Exª fez, assim
como V. Exª desenvolveu um trabalho superior ao nosso com o seu grupo, e só
assim nós poderemos chegar aonde a comunidade deseja que nos dê a oportunidade
de representá-la.
Meus parabéns pelos 218 anos da nossa Câmara Municipal. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr.
Prefeito Municipal, companheiro Olívio Dutra.
O SR. OLÍVIO DUTRA: Companheiro Presidente do Legislativo
Municipal, Ver. Antonio Hohlfeldt; companheiros Vereadores integrantes da Mesa
do nosso Legislativo; companheiros; companheiras da Mesa desta Sessão
comemorativa dos 218 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre; companheiras e
companheiros Vereadores; ex-Vereadores; companheiras e companheiros;
autoridades aqui presentes ou representadas; Deputados; companheiras e
companheiros funcionários da Casa; senhoras e senhores. O Professor Sérgio da
Costa Franco já nos trouxe, aqui, a evolução histórica do Legislativo da nossa
Cidade, e com isso vimos o vínculo estreito que tem o Poder Legislativo
Municipal, a evolução da Cidade, e com a afirmação da cidadania, e, portanto,
do processo democrático. Nós, o atual Executivo Municipal, temos o entendimento
de que as relações entre os dois Poderes que governam a Cidade, Executivo e
Legislativo, são indispensáveis, e esta relação precisa ficar em permanente
evolução de aperfeiçoamento, pois a Cidade ganha com isso, a democracia se
consolida com isso, a Casa Legislativa de nossa Cidade tem uma contribuição
histórica já dada, uma importância enorme no presente, e, sem dúvida nenhuma,
tem muito a contribuir para a transformação harmoniosa da nossa Cidade, para a
evolução da afirmação da sua Casa Legislativa, autonomia e independência. E não
é apenas uma relação que deve se dar no cotidiano para a solução de problemas
do dia-a-dia da cidade, de seus projetos de médio e longo prazo, mas a relação
do Legislativo Municipal com o Executivo da Cidade tem que se dar também na controvérsia,
nas diferenças, na disputa de propostas, de projetos, e até de interpretações
das leis construídas e elaboradas aqui nesta Casa, sancionadas ou vetadas no
Executivo. Esse é o traço fundamental da democracia e do Legislativo, muito
mais do que o Executivo, representa o variado das posições partidárias e
ideológicas que existem e que devem inclusive ser exercidas no panorama
político da Cidade. É no Legislativo que a Cidade está mais perfeita e
amplamente representada nos seus aspectos ideológico-partidários. O Executivo
representa um partido ou um conjunto de partidos eleitos, sem dúvida nenhuma,
pelo voto dos cidadãos, para uma tarefa num determinado período e tem que
traduzir o programa do seu partido, dos seus partidos, para governar a Cidade para
todos, dentro das prioridades que esses programas e ação do governo, que, junto
com a população, determina. Mas na Casa Legislativa estão representados todos
os interesses, não só conflitantes, mas antagônicos, mas que fazem parte da
vida da Cidade e são indispensáveis para a democracia. Então, o Executivo deve
ter um respeito a esse caráter amplo do Legislativo. Se não houver essa
compreensão, as relações não se processarão com a harmonia indispensável em
benefício da Cidade, e isso não diminuiu a importância e a responsabilidade do
Executivo; pelo contrário, aumenta essa responsabilidade, porque o Executivo
deve traduzir em sua ação, no seu projeto político, uma combinação com a vida
rica da Cidade de Porto Alegre, que se transforma no dia-a-dia e que se reflete
na Casa Legislativa Municipal. Por isso, nestes 218 anos da Câmara Municipal,
saudamos a Casa Legislativa de nossa Capital, seus integrantes, suas
representações partidárias. Nesta Casa estão presentes Vereadores das mais
diversas origens, classes, posições políticas, etc. Aqui também se recorre
constantemente. Esta Casa, que é um aspecto da democracia representativa,
construída no processo histórico do nosso País e da nossa Cidade, também
contribui para que a democracia seja participativa, combinando a
representatividade de cada Vereador com a participação quase direta de cada
cidadão na construção e na elaboração das leis. A tribuna popular, ocupada por
lideranças populares e comunitárias, é uma demonstração disso. As leis
elaboradas aqui, nesta Casa, traduzem sentimentos e interesses de nossa Cidade.
O Executivo também para cá remete propostas, projetos, disputa democraticamente
no interior de nosso Legislativo. Queremos com isso dizer que as relações entre
os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem estar em constante
aperfeiçoamento. Podemos até ter disputas, mas elas não são pessoais, podem ser
entre um ou outro Vereador, eventualmente, com o Prefeito ou sua equipe, mas
são disputas entre duas instâncias que, na democracia, podem ser resolvidas
através do Judiciário. O Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário,
trabalhando de forma autônoma e independente, mas harmoniosamente no interesse
do cidadão, portanto no interesse da Cidade. A nossa palavra nestes 218 anos,
Companheiro-Presidente, é de que temos muito o que fazer e muita disposição
para o fazer melhor, para que as relações se aperfeiçoem. Neste momento
exemplar, inclusive, a nível do cidadão com as definições políticas,
ideológicas, tidas como verdadeiras, monolíticas, sendo questionadas, eu penso
que cabe a nós aqui, agora e na nossa Cidade, traduzir através de ações e
gestos a certeza de que a democracia e a liberdade são permanentes. São valores
absolutos em qualquer circunstância, em qualquer momento e que o social e do solidário
não afogue a individualidade, o poder e a possibilidade de cada um de nós
sermos diferentes, construirmos conjugadamente a nossa história. A Câmara de
Vereadores de Porto Alegre é um espaço conquistado não apenas por aqueles que
antes eram tidos como bons, porque representavam, aqui, no processo de então, a
Cidade. A Câmara de Vereadores continua tendo aqui a melhor representação da
Cidade e o Executivo tem um profundo respeito por isto e procura colaborar de
forma fraterna, franca, sincera, inclusive na disputa. Que possamos prosseguir
assim: longa vida ao Legislativo Municipal da nossa Cidade na busca do seu
aperfeiçoamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós lançamos ontem à tarde,
durante a Sessão, uma pequena plaqueta exatamente que aborda os aspectos da
Câmara de Vereadores. Simultaneamente completamos o trabalho que foi iniciado
pelo Ver. Valdir Fraga, que ele antes se referia, da Lei Orgânica, entregando
um exemplar da nossa Lei Orgânica, devidamente encadernada a cada um dos nossos
Vereadores. Eu quero, portanto, agora, também fazer esta entrega ao nosso Ver.
Valdir Fraga que, embora Deputado, ele continua vinculado à Casa. O Ver. Valdir
Fraga, que conduziu este processo e como eu dizia que cada Vereador aqui dá uma
idéia, também praticando a idéia que o Ver. João Dib recuperou na tradição da
Casa que é aquela “xicrinha” com o símbolo, com o brasão do nosso Legislativo.
Ver. Valdir Fraga. (Procede à entrega do exemplar da Lei Orgânica.)
Solicito ao Ver. Omar Ferri que faça a entrega desta lembrança ao Ver.
André Forster. (Procede à entrega.)
Pediria ao Ver. Leão de Medeiros que fizesse a entrega ao Dr. Francisco
Luzardo; e ao Ver. Omar Ferri que fizesse a entrega ao Cel. Antonio Carlos
Maciel, da Brigada Militar. (Procede-se às entregas.)
Completando, eu convidaria o Ver. Antonio Catani, nosso companheiro
Presidente da Câmara, para que também recebesse a nossa lembrança. (Procede à
entrega.)
Srs. Vereadores, minhas senhoras, meus senhores, nós, hoje à tarde, na
continuação das festividades, estaremos lançando um concurso literário entre os
funcionários e os Vereadores e também temos os nossos poetas aqui no Plenário:
Ver. Airto Ferronato, Ver. José Valdir, estes são dos declarados, tem outros
não confessos, mas certamente irão aparecer agora com a oportunidade do
concurso. Nós tivemos um convênio com a Secretaria Municipal de Cultura, a
Revista Ponto e Vírgula e durante um ano estaremos publicando os trabalhos não
só de poesia, conto e crônica como também charges, desenhos, também temos os
nossos artistas plásticos por aí. E vamos os melhores sempre publicar na
Revista bimensal, até setembro do ano que vem, quando, na outra festa de
aniversário, esperamos poder então os ganhadores desta disputa saudável. Vamos
fazer este lançamento durante a tarde.
Nós queremos agora encerrar os trabalhos desta Sessão Solene, convidando
todos os senhores para se dirigirem ao saguão, e na saída à esquerda, onde
vamos descerrar a placa alusiva à conclusão de mais esta etapa de obra, como
disse o Ver. Valdir Fraga. Vamos aguardar a possibilidade de que, efetivamente,
o Deputado Ibsen Pinheiro possa contribuir com a nossa Bancada de Deputados
Federais no sentido de conseguir alguma verba do Governo Federal para o novo
aumento de obras ainda este ano ou no ano que vem, dentro do nosso orçamento,
para continuarmos então as obras e quem sabe lá, Ver. Valdir Fraga, cheguemos
na etapa da conclusão dessas obras, inclusive com elevador e o ar condicionado
central deste Plenário para que possamos utilizá-lo plenamente.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 11h40min.)
* * * * *
Está com a
palavra, o Ver. Leão de Medeiros, pela Bancada do PDS.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Meus Senhores e minhas
Senhoras. Nada mais agradável em exaltar em meu nome pessoal e da Bancada do
PDS as virtudes do homem de bem sobretudo quando, na atividade política, o
homenageado se situa em terreno diverso do orador, não raro a ele oposto. Pois
se no elogio do correligionário pode surgir e permanecer a dúvida quanto a
autenticidade do louvo, talvez mais inspirado na irmandade de convicções
que o mérito real, no tributo prestado
aos militantes de outras grei a homenagem brota sincera, proclamando a
satisfação de reconhecer que as divergências não elidem o reconhecimento do
mérito que comunica dignidade e valor ao próprio antagonismo das idéias.
Assim é o homenageado de hoje na meritória
iniciativa do Ver. Elói Guimarães. Firme nas suas convicções, pugnaz nas
atitudes, brilhante no pensamento e na palavra, íntegro na conduta e,
sobretudo, elegante no trato dos opositores, que com ele, sabe afastar do plano
pessoal a divergência das idéias.
Na realidade, são duas as imagens que ostenta, numa
combinação rara e difícil: Petracco, o político atuante e Petracco, engenheiro
destacado. Com o mesmo empenho que se põe a analisar a realidade social e
política, com a mesma percuciente capacidade analítica que mobiliza no debate
do Estado, da Sociedade e da Nação, logrou construir uma das mais sólidas
reputações profissionais no cenário local e nacional, de engenheiro
especializado em, tecnologia da energia e sua conservação, estabelecido com
escritório em Porto Alegre e Pernambuco. No cenário local, afora inúmeros
profissionais de arquitetura que se socorrem de seu assessoramento no projeto,
conta entre seus clientes com algumas das grandes empresas locais como os
grupos Gerdau, Zafarri e Do Sul; no âmbito nacional, tem projetos executados em
Pernambuco, no Pará, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro em São Paulo; já
ultrapassa os limites no Brasil, ao negociar recentemente, na Alemanha, o
“Know-how” de um de seus projetos de refreadores evaporativos.
Como empresário, é responsável técnico, diretor e
acionistas de uma empresa especializada em cordoaria pesada para atração de
navios, sediada em São Leopoldo, exportando regularmente para as nações que
exploram o petróleo do Mar Norte, para a Grécia, a Holanda, o Chile, Cingapura,
a Índia, a Itália e a Inglaterra, em acirrada disputa com a concorrência internacional,
que vem enfrentando com alta qualidade de seu produto, o qual tem
reiteradamente superado recordes mundiais de resistência, medida em número
atrações de grandes navios, a que o cabo resiste incólume.
Nascido em Passo fundo, tem origens italianas e
espanholas. Seu avô paterno, João Baptista Petracco nasceu em San Vito de
Tagliamento, nas proximidades de Udine, na Itália Setentrional; sua mãe,
Argentina, descendida de espanhóis e guaranis. É, pois, na etnia, a síntese do Rio Grande do Sul.
Nosso homenageado é um homem profundamente marcado
pe educação que recebeu influenciado pelos mestres que encontrou: guarda, com
grande carinho, a figura marcante do seu curso primário, no Grupo Escolar
Protásio Alves, em Passo Fundo – a Diretora – que até hoje visita – D. Maria
Súria Dipp, a qual, ainda fazendo as vezes de segunda mãe e preceptora,
escreveu-lhe uma carta, em 1986, que guarda como um documento maiôs valioso de
sua vida, pelo que contém de sábio e de comovente.
Em Porto Alegre, no colégio Nossa Senhora das
Dores, encontrou na figura admirável do Irmão Bento, o impulso para os livros,
que não mais o deixou, a partir da obra
de José Ingenieros, em “As Forças Morais” e o “O Homem Medíocre”. No Colégio
Júlio de Castilhos encontrou,, no Mestre de Química, Abílio Azambuja, outro
alicerce de seu futuro perfil de engenheiro. Ingressou no Curso de Engenharia
Mecânica e Elétrica, da Escola de Engenharia da UFRGS, lá privando com os educadores
notáveis, como Alquindar Pedroso e David Mesquita da Cunha e, também mercê de
sua presença na política estudantil, cosntg5uinbdo grande
apreço e admiração pela figura extraordinária que foi o Reitor Elyseu Paglioli.
Mas, curiosamente, atribui sua inclinação para a área de energia de um mestre
da matéria mias próxima da Engenharia Civil
- o Professor Luiz Duarte Viana, cujo enfoque sobre a estabilidade das
construções, a partir do conceito do trabalho virtual, de alguma forma levou o
jovem Mecânico e Eletricista a sintetizar sua visão no programa de energia.
Diplomado, ingressou, em 1963, por concurso, nos
quadros da Petrobrás e prosseguir, ao mesmo tempo, na militância política que
iniciava no ciclo secundário de sua educação. Segundo diz, com o humor fino que
põe até mesmo em sua auto avaliações, ingressou na política instado a “combater
os comunistas”, mas acabou contaminando-se ao menos de uma forma atenuada de
vírus...
No ano de 1964 o colhe Suplente de Deputado
Estadual pelo PDS. Cassado logo em abril de 1964, só vai ter seus direitos
políticos restabelecidos pela anistia de 1979. Atravessou com coragem e
convicção os anos de provação, talvez porque, ao olhar para este passado, não
veja o que censurar-se, sabedor de que arrostou com dignidade os tempos
adversos e usou a experiência para agradecer-se sem ressentimentos e sem ódios,
granjeando o respeito e admiração até mesmo de muitos adversários. Afastado da
política, voltou-se integralmente para sua outra paixão, permitindo que, de sua
inteligência e labor, surgisse o grande engenheiro em que se transformou (o que
segundo um de seus antigos mestres na escola der Engenharia não deixa de seu um
mérito indireto a crédito dos que o baniram temporariamente da distração
política, prejudicial aos desígnios de engenheiro que bradava por emergir de
sua complexa e agitada personalidade...)
Porto Alegre, ilustre engenheiro, o faz neste
momento, Cidadão Emérito. Nesta distinção está, mais o projeto ao profissional
ilustre, mais que o tributo ao político coerente e fiel às suas convicções.
Está o reconhecimento daquilo que foi reconhecido daquilo que foi retirado no
início desta palavras: a grandeza do homem de bem, que sobrepujou a adversidade
abrindo, com coragem e dignidade, novos rumos para a sua vida, sem permitir que
o veneno do ressentimento o limitasse no mesquinho realimentar do ódio que é
uma desculpa para a paralisia e o medo!
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio koutzii, que falará
em nome da Bancada do PT.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Não poderia começar sem
registrar, porque acho que é uma pequena singularidade, neste momento,e um dos prazeres da vida, que são esses
reencontros e estas situações. Eu também fui da FEURGS, na época em que tu
começavas a liderar um movimento estudantil combativo-nacionalista e corajoso e
que enfrentou, sob a inspiração e a liderança de Petracco, nos anos de 1964 e
das lutas da legalidade. Me parece que faz muito tempo, e, ao mesmo tempo, que
faz pouco tempo, porque, em parte, a cassação das nossas vidas, as obstrução
dos caminhos dos democratas, dos homens e mulheres de esquerda neste País, nos
permite, recém nesta década, assumir, publicamente e plenamente, a
potencialidade de nosso sonhos, de nossa capacidade de trabalho e de nossa
capacidade de luta. Acho que a intervenção do Ver. Leão de Medeiros, que me
antecedeu, foi muito precisa e adequada, tanto quanto refez e recontou a
biografia, pessoal e profissional, do Petracco, quanto, de forma muito honrada
e elevada, distingui-se a diferença ideológica que realmente existe entre
homens que hoje se definem e no passado também, em terrenos opostos nas vias e
nos caminhos da construção deste País. É uma demonstração de respeito e é uma
demonstração de lucidez. Mas eu quero falar como irmão de esquerda. Quero falar
com aquele que representa o partido dos Trabalhadores nesta cerimônia, que é um
dos resultados dos nossos comuns esforços, das nossas lutas e de momentos
muitos difíceis; e ressaltar que o que é justamente singular, o que talvez seja
o que mais possa-nos emocionar e dar relevo às cerimônias que as vezes são um pouco
formais, é isto que não acontece todos os dias, é o reconhecimento gradual,
incontestável dos méritos de quem mérito e não mais da seleção dos que tem
mérito apenas quando estão num campo determinado da posição social. Para nós é
uma honra e uma satisfação, um momento de fraternidade trazer a palavra do
Partido dos Trabalhadores, de reconhecimento da trajetória de Fúlvio Petracco e
de, fundamentalmente, destacar o que é evidente, que o que se reconhece nele é
o caminho feito, como militante do povo. Ele foi e é engenheiro, mas entendemos
que foi e é e será sempre, um lutador das causas populares. Esta grandeza, este
esforço e esta generosidade é que são, no nosso entender, o que principalmente
se reconhece hoje. . E quando a Cidade começa a
reconhecer isto, através da sua representação política que somos nós, significa
que ele agrega, ao universos dos seus valores, na identificação do que é
importante, o mérito doas caminhos feitos, o mérito do caminho que tu fizeste.
É isto que se reconhece aqui, é isto que a Bancada do Partido dos Trabalhadores
saúda, através da nossa intervenção nesta tribuna e é neste abraço que nós
queremos te estender, Patracco, nosso companheiro. Sou grato. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri,
pelo PDS, pelo PCB e pelo PC do B.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Ver. Clóvis Brum, 2º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Tarso Genro, Vice-
Prefeito da Cidade; Engenheiro Fúlvio Petracco, nosso querido homenageado;
excelentíssimo Deputado Jauri de Oliveira, Líder da Bancada do PSb na Assembléia
Legislativa; Srs. Terezinha Petracco Grandene,
irmã do nosso homenageado e representante dos demais familiares; Srs.
Vereadores aqui presentes; minhas Senhoras, meus Senhores e de um modo especial
e com muita satisfação aos companheiros do PSB, cuja militância em sua quase
totalidade veio trazer os eu abraço a sua saudação e a sua
solidariedade àquele que simboliza o que significa e dá forma e conteúdo ao
próprio Partido no Rio grande do Sul, Sr. Fúlvio Celso
Petracco. Eu não sei se é fácil ou difícil dirigir algumas palavras nesta tarde
ensolarada, nesta solenidade que para nós toca profundamente o âmago de nossos
corações. Porque par anos do Partido
Socialista o Petracco realmente simboliza o próprio Partido no Rio Grande do
Sul. Muitas vezes tem pessoas que fazem confusão com o PDS e se referindo Amim dizem – tu
é do PSDB do partido do Petracco – a aí as cosias se esclarecem. Mas, a
homenagem é acima de tudo a um Engenheiro competente, a um profissional
brilhante e a um homem condutor e de uma postura ideológica sem par em nosso
Estado. Eu digo sem par porque são dezenas de anos que o Petracco vem
magistralmente nas lutas em favor da nacionalidade Brasileira.
Então me
parece que aí está maior lição do Petracco para todos nós. E eu até falo com
muita tranqüilidade, razão porque agora vou fazer um esclarecimento, Petracco,
a ti,, ao público, ao dizer que eu
vinha registrando até os dias de hoje mas acho que este é o momento solene,
este é o momento que eu devo te agradecer na medida exata de tua grandeza. Eu
resisti a entrada no PSB, por causa da imagem de certa gente que te apontava
como autoritário dentro do Partido, eu vinha resistindo, eu inclusive já vinha
colaborando com o Partido, mas não assinava ficha. E de repente por estas
contingências da vida eu devo a assinatura da ficha de filiação a um grande
irmão e companheiro nosso que infelizmente hoje não se em contra aqui,
que é o Dr. Bruno Mendonça Costa. E passei a conviver contigo dentro do Partido
e posso dizer tranqüilamente, de público, que eu não sei muitas vezes se
constrói imagens diferentes do próprio sentimento e do próprio comportamento de
uma pessoa. E esta foi a tua imagem durante algum tempo, Petracco: O
autoritário. Não sei como é e porquê,s e durante
todas as reuniões deste último ano e meio que eu convivo com a direção
Partidária, em nenhuma vez eu assisti que tu tivesse tomado uma atitude fora do
contexto e do consenso de todos nós.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h34min.)
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